Uma em cada cinco crianças sofre de problemas visuais, uma situação que pode agravar-se com o excesso de horas que os mais pequenos passam de olhos postos nas novas tecnologias. Aproveitar as atividades ao ar livre para “tirar” as crianças da frente dos aparelhos eletrónicos ajuda a minimizar os riscos.
“As horas passadas em contacto com dispositivos eletrónicos e exposição a ecrãs podem ser prejudiciais”, confirma Alcina Toscano, coordenadora do grupo de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo da SPO. Apesar de, referiu a especialista, “não estarem diretamente relacionadas com problemas oculares”, quando em exagero “e em más condições ergonómicas (má postura, luminosidade incorreta, distância inadequada)”, os ecrãs que conquistam a atenção dos mais pequenos “contribuem para o aparecimento de sinais e sintomas, não só oculares como gerais. Estudos recentes apontam para uma maior incidência de miopia nestas crianças, quando comparadas com crianças que passam mais tempo ao ar livre”.
Recomendam-se, por isso, alguns cuidados. A começar pela atenção dada à posição, iluminação e distância adequada em relação a estes aparelhos, assim como a escolha “de programas de valor educacional”, que devem ser visualizados “em conjunto com crianças, em especial com os mais jovens”. Alcina Toscano aconselhou ainda o estabelecimento de “regras e tempos em que estes não devem ser usados (refeições, viagens em família)” e aquilo que define como “a regra do 20/20/20 (sobretudo para os mais velhos): a cada 20 minutos olhar 20 segundos para uma distância de 20 pés (cerca de 6 metros)”.
Cuidado com os óculos de sol
Há também que ter atenção ao sol. A especialista referiu que, neste caso, os cuidados para os olhos são os mesmos que aqueles que se deve ter com a pele: “evitar a exposição direta ao sol nas horas de radiação ambiente mais elevado ou onde houver maior radiação, e proteger a face do sol com uso de boné ou chapéu de abas largas”. No que diz respeito ao uso de óculos de sol, este está indicado para os mais pequenos “quando houver exposição a níveis elevados de radiação UV ou quando a refletividade for elevada”. No entanto, a médica reforçou que “óculos com lentes escuras não são sinónimo de proteção ocular: o que cria barreiras aos raios UV é um filtro incorporado na lente e não a coloração”.
Recomeda-se o uso de óculos de sol certificados e assegurados por um optometrista/oftalmologista. Existem lentes excessivamente escuras que não filtram corretamente a luz ultravioleta, favorecendo uma maior dilatação da pupila e um aumento da radiação que é recebida pelo olho.
Fonte: Revista VER